segunda-feira, 11 de julho de 2011

Apnéia.



As águas continuam tão turvas, densas, que fazem a qualquer ser se perder, até os que na água vivem. Mas me sinto pior, como um ser terrestre, tentando nadar em águas profundas, se afogando sem piedade.

Parecem que os astros desalinharam como uma tempestade, uma reviravolta natural, que não se sabe para onde vai. As razões: muitas, por todos os lados, pressionando a vida de forma que esta fique enclausurada. Imobilizada numa tumba de cimento, com apenas um pequeno espaço de distância entre a pele e o maciço e áspero concreto.

Esta tenta sair apavorada, se arranha no cimento, se rala, sangra na superfície áspera, mas nada do que faça e nem a maior força que seja capaz de gerar é suficiente para quebrar este casulo de pedra.

Invencível.

Se dá por vencida. Agora só resta a dúvida e constante ansiedade, tensão, rezando para que algo caia do céu, como uma divina graça, e a salve dali antes que seja tarde. Mas no lugar de uma luz, caíram maremotos, blocos de pedra, lixo e esgoto do mais exdrúxulo, nojento, ruim e grotesco que se possa imaginar. Sobre o que já era uma tortura, agoniza agora sob o peso do céu inteiro caindo por terra.

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