quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Machismo.


O machismo é sufocante...

E tão entranhado, está tão amalgamado e enraizado no ser, que nem se percebe, nem o mesmo, e nem as situações em que acontecem, e ainda se consegue distorcer piamente toda uma situação como se estivesse certo, não tivesse o que duvidar, e como se você fosse uma louca.


É como se vivêssemos num matrix, em que tudo está mais do que na cara de todas as pessoas, mas ninguém enxergasse, tamanha alienação e lavagem cerebral das pessoas, que continuam operando como se fossem uns robôs programados. Está enraizado em nossa sociedade, nas amarras mais profundas e naturalizadas da cultura, da ciência e da logos.


É como uma criança que conta pros pais que vê espíritos, e ninguém acredita, é como uma pessoa que está sofrendo de uma terrível doença, e ninguém dá bola, acha que é exagero, e um dia a pessoa morre daquela doença e as pessoas nem no enterro se dão conta ou se arrependem. É como aquela travesti que é morta por feminicídio e transfobia, e nem no enterro quando está sendo enterrada debaixo da terra a 7 palmos do chão, um corpo nú, imóvel, violado e sem vida, tem seu gênero e corpo respeitado pela sociedade e pela família, e nem na morte é tratada com dignidade, e enterrada como é: mulher. Como o estado omisso que faz todos os absurdos do mundo e finge que nada está acontecendo.



É como se ele te sufocasse mesmo, com as duas mãos, e como já vi muitas vezes acontecer literalmente por aí. Somos sufocadas de todas as formas. Só que essa é a pior das mãos, são aquelas mãos invisíveis, que ninguém pode impedir, e nada pode fazer: a não ser a própria pessoa. Aquelas mãos que te sufocam, e te afogam, sorrateiramente, com muitas mulheres aí presas nesta armadilha, por não a enxergarem e nem perceberem. Não tem cor, nem cheiro nem formato, nem qualquer substância de que é feita. É preciso um sexto sentido para compreendê-la, decodificá-la, traduzir e apurá-la. 

Se ainda fosse uma opressão física, ainda há o que fazer, mas esta, dentre todas, é a mais devastadora. Para ela, não há armas, e nada que a detenha, a não ser o amor próprio, a sabedoria de se esquivar de situações que há grande probabilidade de ocorrê-la, e quando acontecer, não se deixar absorver.


O que mais tem sido noticiado aí cada vez mais frequêntemente, e com estatísticas perturbadoras, são os casos de violência de gênero física, moral, emocional e profissional contra a mulher, fora as centenas de assassinatos, cárcere privado e feminicídios. É só acompanhar as manchetes e ter algum interesse, atenção e sensibilidade para o assunto, que você verá. Mas eles preferem fazer os 3 macacos, e com eles mesmo sendo maioria, estão também muitas mulheres. 
O Yang de nossa sociedade nunca esteve mais forte que o Yin.

O mundo só vai mudar quando as pessoas mudarem. E os homens só vão deixar de ser machistas quando >>eles<< quiserem. Quando eles fizerem algo e iniciarem uma revolução em torno da idéia de masculinidade e deste ideal de gênero tão deturpado. O que não nos falta é questionamento hoje em dia sobre o gênero. Não adianta falar, espernear, obrigá-los a assistirem com os próprios olhos a coisa mais óbvia do planeta com um vídeo numa tela de 200 polegadas, estampada com cores fluerescentes e "Led's" pisca pisca, que simplesmente, como no mito da caverna, não enxergarão. A coisa jamais será resolvida por completo, com a velocidade que deveria e com grande escala, apenas com a ação das mulheres. Está na hora deles também se moverem.


Dizer que isso é trabalho das mulheres é só mais uma forma distorcida de machismo. Chega de "lavar a louça deles" mulheres!

E não estou falando só dos homens cis heterosexuais não, estou falando de todos! Gays, bisexuais, trans, assexuados, não-binários, qualquer um que se identifique com o gênero masculino. É claro que existem homens andróginos femininos que não são assim e muitas vezes sofrem a mesma coisa que nós mulheres sofremos, e sabem exatamente o que estamos falando, assim como as trans femininas não-binárias. Mas o que mais tem, e mais clássico, são homens gays, trans ou bisexuais que se autodeclaram "feministas" e "nem um pouco machistas" só por terem uma sexualidade diferenciada, mas estão transbordando de machismos e discriminação de gênero por aí.


Valores assim, tem que ser ensinados nos livros, nas escolas, na mídia, em toda a cultura, desde criancinha. É utopia demais para mim achar que isso vai mudar completamente através de um texto como este, mas também não mudará por completo como queremos com os movimentos feministas apenas - como já citei. A mudança de uma vez por todas só pode partir deles, quando eles de forma neutra e tendo consciência de seus privilégios e do significado de “lugar de fala”, tomarem as rédeas dessa mudança mais do que necessária, que por consequência no final afeta a todes nós.

Quisera nós podermos um dia vislumbrar aquilo que sempre enxergamos no fim do túnel. Mas a semente está plantada, cabe a cada um de nós iluminar ao nosso redor.

Não temos voz. E mesmo quando temos, ela se perde na imensidão. É como se fosse um vácuo, onde não tem nem ar para se fazer vibrar, para que a voz corra para lugar nenhum. Grita-se, e simplesmente não sai som nenhum. Pesadelo acordada. 

A voz fica retida, e ressoando de forma estrondosa e ensurdecedora, apenas aqui dentro cada vez mais alto, num looping incessante. Não tem morte pior do que a morte por apinéia, nem pior do que aquela em que se passa viva.

É enlouquecedor... Parece que você vai pirar. Mas aí a gente respira, e através da sabedoria feminina lembramos que são coisas que não vão mudar, e não podemos nos abalar, etc...
Haja sabedoria! Toda mulher tem que ser PHD em psicologia, enfermagem, psiquiatria, cozinha, relaciomentos, sentimentos, história, geografia, sociologia, antropologia: TUDO! Haha Mas tá na hora dos homens serem também.


De uma coisa eu tenho certeza: eles são os que mais se perdem nesta encruzilhada... E até agora não acharam uma solução. Mas tá na hora de deixarmos eles agirem por si mesmos. 
O filhote de passarinho só sabe lidar com a selva se a mãe o deixa sair de casa e enfrentar as aventuras do mundo lá fora, aprendendo por si só o correto de como agir, e como fazer. Sozinho. À criação, que ajudemos neste caminho ensinando aos nossos futuros filhos o que é um verdadeiro homem e como agir direito na vida.


Que tenhamos a tão sonhada igualdade até mesmo no protagonismo das mudanças, atitudes, hábitos e culturas da sociedade.

Quanto as mulheres, percebo que quando se entra nesse assunto, existe um certo tabu, um medo talvez insconciente de sequer entrar em contato com essas questões. Sentem como se tivessem mexendo num ninho de vespas. É só ver um texto com um título como este: passam reto. Não se permitem sequer fixar o olhar para não ter o risco de se deixar contaminar pela idéia. Existe um medo muito grande de bater de frente contra toda uma ideologia, tradição e cultura mundial, o que para algumas significaria arruinar e romper de vez seus relacionamentos... Por isso, muitas sequer nem ler o texto lêem, ou quando lêem, passam rápido agoniadas como se tivessem vendo um filme de terror, ou presenciando sangue, vendo uma imagem de uma pessoa ferida, quando não discordam vêementemente.


Acho que muitas mulheres, realmente não tem o que fazer, e lutar contra isso seria arruinar todas as suas relações. Aconselho para estas que se o fizerem, que seja a conta-gotas, doses homeopáticas. Se para você, mulher que está lendo, essas questões que eu citei, não haver consequências negativas para suas vidas (pois muitas que nasceram numa geração anterior, as vezes nem sequer se abalam ou vêem incômodo ou problema nos "machismos", já as que são da minha geração em sua maioria se abalam profundamente), e isso que estou citando neste texto não for algo que lhe cause sofrimentos nem nada: maravilha. Deixe como está. Mas quem puder e se percebam, entendam, e se afetem por essas questões, por favor, o façam. Só assim mudaremos esta lógica e opressão mundial.

Quando que a pangéia deles vai chegar? Quando vão se revolucionar? Por que com os homens é sempre tudo tão atrasado? Uma hora a corda arrebenta, vira um súbito rompimento como um vulcão, e um estouro. Mas certamente, a como andas, não estarei aqui para presenciar. Espero que todes nós tenhamos a oportunidade de ver esta mudança.


Por que só as mulheres fazem tudo? Por que só nós criamos um movimento para defender bons valores, igualdade, derrubada de machismos, etc? Ou melhor, da busca da >>>humanidade<<< - no sentido da palavra que se refere à sentimento e caráter. Quando que os homens vão entender que precisa de um movimento por parte deles também? 

Mas não um movimento pra defender mais machismos e ir de contra o feminismo, como é o que infelizmente temos visto por aí. Mas um movimento de bem, com os mesmos ideiais que o nosso, e uma revolução e nova visão sobre masculinidade, o que é ser masculino e o que define o gênero “homem”.

Sou bem atenada, e participo das mais diversas e inúmeras milhares de comunidades, e nunca vi absolutamente nada, nenhum movimento, debate, grupo. Simplesmente não existe.

Deixo aqui a inspiração, para algum homem de bem. Mais do que isso: para um ser humano de caráter e com humanidade, humildade, sensibilidade e empatia.

Apatia.

Apnéia.

Falta de ar.





sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Vácuo.



Nada.

Sinto... 

Ou tudo.

O que é o tudo, se não o nada?


Busca perdida de algo que não se sabe. Lacuna preenxida por algo que não é.

Procura...

Desvela-se a realidade, e desnuda sua verdadeira face. O que "é" sublima, dando lugar ao que "não é". O irreal torna-se verdade... Alétheia.


Horror. Trauma. Pesadelo...


Resiliência.

Faces distintas para um mesmo objeto. Caleidoscópio. Ilusão, realidade. Escuro, claro. Dia, noite. Dupla existência. Dimensões paralelas.

Nada faz sentido. Tudo faz. Tudo não faz sentido, nada faz.

Sinto.

Nada.
Tudo.

Existência perdida vagando no espaço. Existência achada, vagando no sólido.

Como pode um prego mais grosso entrar num mais fino? Impossível. Falta de ar. 

Procuro.


Nada.