sábado, 15 de janeiro de 2022

A morte da vida


A morte em vida é certa. Não se sabe se a pior morte é a própria, a dos outros, ou a de todos. A morte é tão presente como o ar que se respira. Não sei como curá-la. Acho que é uma espécie de "super-morte". Não tem cura. A cura não existe. O abandono é certo, a loucura já deverás sabida. Espero aquilo que eu já vi acontecer. Nada surpreende. As coisas apenas tornam a acontecer. De novo, de novo, de novo. As pessoas "são as mesmas", os comportamentos são os mesmos. No meio dessa loucura a gente tenta não enlouquecer, mas acho que é no mínimo muito tendencioso achar que não se já está louco. As vezes, já estamos loucos e não percebemos. Ou não... acho que não sou. Pois eu sou diferente deles. Sim, eu sei o que é o certo. E eu consigo enxergá-los. Eu não sei como fazer enxergarem aquilo que eu enxergo. Eu não sei... eles são cegos. Ele não é capaz de enxergar. Seria pedir muito aparecer na minha frente uma pessoa que finalmente enxergue? Por que este destino fatal meu "Deus". Por que insiste em aparecer uma pessoa que finge enxergar, que de repente vê tudo que eu vejo a minha volta, e logo depois ela se transforma como se fosse um feitiço diabólico, e como um filme de terror se transforma por completo na concretude do mau e do sádico. Carregaria eu um vírus? Será que carrego em mim uma cepa mortal de uma mais nova Pandemia? O Planeta Terra agora é o planeta das pandemias. Estamos regredindo. A desvolução está em curso. Por que eu nasci nessa bolinha? Teria eu um dia a chance de fazer valer esta experiência macabra ajudando o próximo? Não vejo outro propósito. Me alimento das pessoas que me fazem sentir necessária. Não sei se com esta importância e com todo o meu imenso esforço, vou transformar essas pessoas. Vou passar algo, e elas vão dever à mim aquilo que conquistaram. Eu não sei. Eu só sei que deveria existir um lugar no mundo sem Pandemias. Sem vírus mortais. Sem morte, e sem pulsão em matar as pessoas. Algumas pessoas nasceram para sofrer, e outras para fazerem as outras pessoas sofrerem. Seria esse o objetivo desta encarnação. "Sobre"viver à tudo isso? É "sobre" isso? Eu nunca consegui trans-formar ninguém. Mas talvez as sementes dessa transformação são de árvores que só sairão dessa hibernação décadas depois. Seriam sementes hibernantes. Não chegarei a ver as sementes germinarem, ou elas irão abortar antes de germinar. Isso me entristece. Desacredito. Caminho pelo reboco acizentado plantando belezas e me destruindo por dentro. Planto flores e por dentro tudo vai se tornando uma vastidão arrasada. Quanto mais belo e farto fica o lado de fora, mais inóspito fica o lado de dentro. Semeio-me na esperança de nascer naquilo que construo ali fora. De finalmente me tornar e me transformar num novo formato, neste futuro que sonho e almejo. Me uno à esta vasta vida como tentativa de me tornar ela. De ir para o outro lado e deixar este invólucro vazio. Gostaria de me tornar pó para adquirir um signifcado, e finalmente, razão a minha existência. Que das cinzas se façam o meu futuro, a minha luz, a minha significação, a minha beleza, o meu propósito, o meu desabrochar, e a minha vida. Que a morte seja deixada, para um novo recomeço debaixo da "Terra".