segunda-feira, 11 de julho de 2011

Apnéia.



As águas continuam tão turvas, densas, que fazem a qualquer ser se perder, até os que na água vivem. Mas me sinto pior, como um ser terrestre, tentando nadar em águas profundas, se afogando sem piedade.

Parecem que os astros desalinharam como uma tempestade, uma reviravolta natural, que não se sabe para onde vai. As razões: muitas, por todos os lados, pressionando a vida de forma que esta fique enclausurada. Imobilizada numa tumba de cimento, com apenas um pequeno espaço de distância entre a pele e o maciço e áspero concreto.

Esta tenta sair apavorada, se arranha no cimento, se rala, sangra na superfície áspera, mas nada do que faça e nem a maior força que seja capaz de gerar é suficiente para quebrar este casulo de pedra.

Invencível.

Se dá por vencida. Agora só resta a dúvida e constante ansiedade, tensão, rezando para que algo caia do céu, como uma divina graça, e a salve dali antes que seja tarde. Mas no lugar de uma luz, caíram maremotos, blocos de pedra, lixo e esgoto do mais exdrúxulo, nojento, ruim e grotesco que se possa imaginar. Sobre o que já era uma tortura, agoniza agora sob o peso do céu inteiro caindo por terra.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Trem


O sentimento antes vigente agora se apodera de uma viagem constante, de um vento, de um movimento ao longe, para um incerto destino. Um trem sem rumo, sem trilhos, que só vai, e para frente seguirá.

O fim é certo, e para lá caminha, agora silencioso, como se fosse movido por anjos, sem motor nem engrenagens. A tensão muda envolve o trem como se fosse uma nuvem, e o carrega de forma graciosa e assombrosa pelo espaço vazio.

As incertezas permanecem, mas a inabalável certeza do rumo não se perde. O vazio, se acostumou. O sangue, ainda derrama. Uso e produzo ainda o calor, o qual move e partilha quem é vivo. A luta desanda, descarrilha, mas caminha.


http://www.4shared.com/audio/3iaAczvg/My_Immortal_-_Evanescence_cove.html

domingo, 3 de julho de 2011

Respiro.




Respiro. E a cada momento, que respiro, esta própria, me preenche, mas ao mesmo tempo, me mata. É doloroso sentir o ar entrando como canivetes, como facas que a cada segundo fazem você sangrar, te deixando com uma sensação de dúvida quanto ao que será no futuro, se vai resistir muito tempo. O ar desce arranhando, assim como o tempo, prendendo minha boca, minhas ações e flagelando meus sentimentos. O futuro se torna cada vez mais distante e a o presente cada vez mais perto. A sensação de estar viva, se torna constante, real e dolorosa.

A vida se mostra tão ameaçadora, o casulo tem se mostrado tão aconchegante, porém tão opressivo e sufocante como estar preso em uma caverna, só que não por acidente, e sim por circunstâncias. A solidão não me é algo estranho, mas não posso esconder o gosto amargo que esta causa. Acho que dentre todos os gostos, tanto apimentados, salgados, doces demais, azedos, o amargo é o único que nunca é tragável ao ser humano, não se agrada. O amargo, somente se acostuma e com o tempo, passamos a nem sentí-lo. Mas estará ali, sempre sendo o que é, fazendo seu estrago. Assim como a felicidade, para tal ser sentida, precisa ter o gosto da prova do que é a dor, a tristeza, para assim considerarmos, compararmos e desfrutarmos de tamanho prazer. Assim como o tamanho das coisas só se dá através da comparação, desde seres, até mundos, planetas, estrelas, átomos, células, o gosto do amargo se faz acostumar, com a ausência do contraste.

Impotência, tristeza e intensidade de sentimentos lhe prendem com tamanha rigidez e densidade, lhe esmagam, lhe afogam.

Assim como a água corre o fluxo, a vida segue naturalmente, como deve ser, nos altos e baixos, caminhos com os quais sempre terá de passar, para alcançar o comum. O comum tão procurado por todos, a felicidade tão querida, mas para só esmeros desfrutá-la. Eu sou uma delas, e apesar de tudo que posso vir a passar, a ter que derrubar, com as próprias mãos, sujá-las com meu próprio sangue, nunca vai ser o bastante para ser. Existir. Isso, é o mínimo, o natural, o inviolável. Meu ser, meu presente. Meus objetivos, lutas, e alcançadas vitórias.

Assim corre a vida, no compasso incessante, de energias se tocando, misturando, complexos se interagindo, se fundindo, matérias com gosto, cheiro, forma, textura, cor, se entrelaçando, num rio, que com a gravidade, caminha sozinho, para sempre desembocar, mas nunca ficar parado. Como o amazonas, não um rio perene.


OBS.: Vou deixar sempre embaixo de minhas publicações um link com uma música minha de composições momentâneas que eu realizar no teclado ou piano relacionadas aos meus sentimentos. Sempre em cada post vai ter um link pro 4shared para a gravação se quiserem baixar e apreciar meu trabalho e composição. Obrigada!



http://www.4shared.com/audio/Hi3b93t1/Fim_dos_Tempos_-_Vivian_Fres_-.html



Vivian Fróes