sábado, 24 de novembro de 2012

É difícil.



É difícil.

É difícil ainda ter esperanças.


É difícil ser um pilar. É difícil ser uma grossa e compacta camada do mais rígido elemento, como seria impossível atravessar uma água sem se molhar, como seria um absurdo se postar à um novo universo, caindo em queda livre, para o mais obscuro e desconhecido abismo, sem se machucar ao chegar no chão.


É difícil ter asas, voar, viajar e desfrutar das novas aventuras e o mistério e perigo que o desconhecido pode revelar.


É difícil explorar o mais obscuro lugar, ir para a mais profunda caverna, o mais profundo desespero, medo, para o mais profundo sofrimento, arriscar, ver, presenciar, experienciar, viver como um desconhecido visita uma cultura tão diferente de sua natureza, e se surpreende com seus rituais cabalísticos de uma tribo assustadora, mas infelizmente já estruturada de uma maneira que lhes faz sentido, independente do que você ache ou pense.


É difícil se sentir incapaz, é difícil se sentir impotente. É difícil decidir.


É difícil ater, não balbuciar os mais longos e delicados alicerces, montadas sob medida para um caminho traçado de uma única forma, pré-definida. É difícil manipular o destino.


É difícil controlar. É difícil estar no volante. É difícil desviar dos perigos das estradas, quanto mais das mais mortíferas e ameaçadoras, como correr no escuro, e fingir que não tem medo do que está por detrás da membrana do possível que divide nossa realidade, negar a mais sublime e realista premissa de que o mundo, tão grandioso como já é, não passaria de simples equações e do que vemos e sentimos, como ir contra a gravidade, como fechar os olhos de uma criança que brinca para a criatividade e imaginação, como impedir um cego de não enxergar, fazer o impossível, mesmo que possível, mesmo que lhe amedronte. 


É difícil ser difícil, escolher o caminho mais complicado e difícil, o único que levará à felicidade. É difícil ser forte. 

É difícil continuar seguindo firme, galopante, na mesma batida, no mesmo movimento, na mesma levada, no mesmo caráter contexto que a imensurável e grandiosa força dos sonhos pode nos levar.

É difícil viver... minha vida? Ou será a vida de muitos, semelhantes que um dia se encontrarão, e irão ao menos terão a felicidade de se identificar, entender, ou quem sabe se completar?

É difícil saber para onde olhar, é difícil não sentir o que está cheirando, sobrevoando e lhe envolvendo à sua volta. Impossível como negar que o sol aquece, negar que as plantas  sejam seres delicados e benévolos, como negar que um dia todos morreremos. É impossível sentir o que não está sentindo.


É difícil... É difícil ir contra seu instinto, sua positividade, evolução, bondade... É impossível fingir não ser o que é. É impossível ir contra suas origens, seu ser, é impossível evitar. É impossível agir de outra maneira. É impossível não sofrer algo que está realmente sofrendo, é difícil não se decepcionar. É difícil ser diferente... É necessário ser diferente? É impossível negar o que é.


É difícil acreditar que neste trem, há trilhos.


É difícil...



  • https://www.youtube.com/watch?v=zheJs6phUFw (Honestly - Kelly Clarkson)

"Tudo o que vejo são estereótipos de vida
Jantares e talheres
Belas mentiras
Realçando o verde dos seus olhos
Um disfarce perfeito para inveja e orgulho

Me encare, me faça
Ouvir a verdade, mesmo que me machuque
Você pode me julgar, me amar
Se estiver me odiando, odeie honestamente"



sábado, 27 de outubro de 2012

Alfasto.



A ausência de forças, da chama, combustível, impossibilita o próprio ato de pensar, escrever, viver, fazer, pensar, sentir e ser.

Ser por consequência, amar por esperança, viver por acaso.

Estar vivo não é uma das melhores experiências, quando esta é adurnada de ruas e estradas fortuitas, traiçoeiras e sufocantes. Carros passam a toda velocidade, pegando o que estiver no caminho e quem não tiver a destreza de escapar. Lá seguiu a menina, que encarnada esteve a atravessar a rua, para chegar novamente ao outro lado.

Perigo à todo instante, aflição a todo momento. A qualquer segundo um pequeno erro pode deixar escapar sua bomba pulsante, perdendo-a numa agonizante apinéia, ou tirando-lhe pela raiz seu fio vital.

A todo instante, uma pergunta: por quê? A todo instante, uma incipiente resposta: porque sim.

Não mais de floreios se fazem os fatos, não mais de mentiras se faz o caminho. O caminho faz as mentiras, que vem junto com os fatos, que tornam a coisa gostosa de se ver, numa indiferença quase que sádica.

Os dias não se tornam novos, visto que não há passado e futuro, apenas dias comuns, comuns ao presente. O presente que a todo momento se faz presente e constante, tão lamuriante e entediante como a própria palavra permeia.

Os carros passam por cima. Começa a ser atingida incessantemente por carros, que tão velozes não as deixam alternativa ou sequer levantar. Reerguer-se, se torna uma tarefa árdua, em vão e cada vez mais dolorosa. Ali esmagada, imóvel, agonizante e constantemente derrubada, passa a não sair mais do lugar. O chão começa a se tornar um ambiente agradável, quentinho, se sente pertencida.

Não havendo outra possibilidade, começa a ver o lado bom da tragédia: ao menos, estou protegida de ter de passar por isso de novo. Não tornará a acontecer, visto que não tornará a voltar. Não mais haverá a surpresa da situação, visto que não haverão mais os opostos. Estar nessa situação incessantemente é quase que um alívio para quem sempre tinha que viver a injustiça dos contrastes, do bom e do ruim, da perda e abandono. Não mais se tirará, algo que já lhe foi tirado, não mais lhe dará, algo que não pode ter. Pelo menos, não vivo o mais devastador dos sofrimentos. Decepção, nunca mais.

Almaga-se com o asfalto. Se tornam uma coisa só, indissociáveis, num mutualismo agora imprecindível. Constante é a situação, e difícil é não se sentir estranha ao sair.

O que é bom dura pouco. 

Os dias se tornam iguais, a realidade se torna dura. É bom sentir o asfalto, finalmente saber onde piso. Não perderei, visto que já perdi.

Finalmente, não se sabe pesar o que é pior. Ficar no asfalto, ou fazer visitas esporádicas.

Sofrer a perda, ou simplesmente, deixar de ganhar.

Ganhar e saber que vai perder, e perder e constatar que estava certa.

Viver, e não mais se sentir viva.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pôr do sol.


 E lá se vai mais uma jornada.

Mais uma luta nos intemperes da vida.

Tão hostil durante o dia no calor do deserto, tão fria durante a noite,

lá se vão mais uma vez,

alguns dias,

e muitas noites.

Como um vulcão, pôs fim a mais uma raça inteira de vida na Terra,

fazendo noite o mais claro dos dias,

causando destruição, sofrimento, escuridão, queimando fervilhando as cinzas do que restaram.

Mas tão necessário para a evolução,

se fez imprescindível,

sem o qual estaria extinto o fortalecimento,

daquilo que morreu,

para nascer de novo.

  • http://www.4shared.com/music/3w5RSJ1H/06_-_Intermezzo_op_118_n2_-_Jo.html (06 - Intermezzo op. 118 nº2 - Johannes Brahms - Patrícia Bretas)
     

sábado, 4 de agosto de 2012

Vida.

    
Paquetá. Tão romântico, ao mesmo tempo tão bucólico. Tão intenso, tão profundo. Tão sensível.
 Um concerto de piano à luz de velas, e o entardecer cobrindo a sala por completo, notas cintilantes pulsantes como a batida de um coração, enchendo de vida minhas veias, de uma forma tão penetrante, prazerosa, viciante e como uma droga ao mesmo tempo dolorosa. 
 Porém, empertigando cada extremidade de minha existência, causando o fervor que me alimenta a dor de viver. Saciando-me cada canto esquecido de minha essência, curando a cegueira da solidão com o mais puro amor que as escolhas lhe aproximam, à sua volta, e dentro de si mesmo. 
Sobreviver. Ser, criar, amar, dar, atrair, receber... 
 Só há um caminho. Viver.
 
  • http://www.4shared.com/music/rZ5ts3ZB/01_-_Frevo_para_piano_a_quatro.html (01 - Frevo, para piano a quatro mãos - duo Bretas-Kevorkian - Ronaldo Miranda) 
     
     
 
 

Cinza.


 
Eu só consigo fazer as coisas com amor, talvez esse seja meu maior problema. Se assim tiver de ser, quero ser problemática até a morte do que deixar de sentir. Que a morte nos separe, e a vida faça valer.
 
 

terça-feira, 29 de maio de 2012

Poça.



Transparente... Usado...
Passado,
Presente.


Tudo se torna claro como água.


O presente é tão antigo, o futuro é tão presente. Nada espero do que já sei o que esperar, e nada se faz antigo, visto que é infinito.


Verdade. Será falsa? O limiar da dúvida, da responsabilidade que há de se carregar perante o destino. Qual caminho escolher? Qual conclusão tirar?


Fraqueza...


Ou esperança?


A sabedoria, tão formada, se perde disforme, no vazio rotineiro. Aquilo que por tão presente, não mais se sobrasai, como um ruído branco, ofusca nossa visão, com tanta luz, que ao invés de elucidar, nos cega. A luz se torna tão forte que transforma em escuridão e dá à maturidade um tom de extrema angústia.


Perdida e ao mesmo tempo certa. Convicta e confiante e ao mesmo tempo descrente.


Me sinto velha.


Me sinto alma.


Faço acontecer, aquilo que de contrário, não seria viver.


Faço porque gosto. Faço porque quero. 


Vivo no que tem de mais excêntrico, a essência de meu ser, de meu saber, de meus sentimentos, de minha evolução.


Vivo para ser feliz.


Autora de minha história, somente.


Um reconfortante e simples desabrochar, que como uma flor, solitária, mesmo sem alimento, irá fertilizar até morrer, com a luz que lhe alimenta,


esse néctar inssesante, autossuficiente. Um Cactus, repleto de água, mesmo na hostilidade do deserto.


O monólogo de minha história.

  • http://www.4shared.com/mp3/NYpDSGr1/Fatal_Frame_3_-_Bm.html






segunda-feira, 16 de abril de 2012

Supernova



Amor próprio.

Outrora tão longe,

agora tão presente.

Inabalável.

Intrasponível.

Agora ser humano, e não mais um mortal e perecível objeto.

E como humano,

a galgar na eternidade,

Emanando luz própria como uma estrela,

subindo subindo,

nos diversos mundos evolutivos, que por enquanto não concernem,

com a evolução pessoal,

que estarei a galgar.


quarta-feira, 28 de março de 2012

(In)sanidade



O desgaste é tanto e a falta de preenximento a torna às margens.


Já vazia, seca, se torna mais áspera a superfície que arrasta, cada mais mais machucada, arranhada, fina.


Película frágil, que a leva a beira, entre a sensação de não existir e a sensação de ainda ser útil para algo, existir em sua forma, com as mesmas utilidades que se construíra a ser.


Prestes a quebrar, prestes a ser mais um nos montantes.


Prestes a ser catada.


Sente-se o gosto da insanidade.


Prestes a ser necessária para alguém, que com simples olhos, enxerguem a divindade destes pedaços, e façam deles algo extraordinário,


exuberante,
enebriante,
brilhante,
monumental,
importante,
vital, 


algo que nunca conseguiu ser visto por alguém.


Algo que sempre foi, mas estava apagada pelo tempo.


Pelo desgaste fora coberta de sujeiras despejadas,
apagada,
esquecida,
inexistente.

Uma espessa camada de poeira envolta neste livro fechado, gélido, porém assim conservado.


Porém, quem sabe um dia descoberta como um tesouro,


ou destruída no galgar das ondas da eternidade.




O tempo escorre lentamente......., levando consigo tudo relativo a ele,


escorrendo os dias como uma grande massa densa, compacta, concentrada,


ácida, tóxica, radioativa.




Capaz de mudar coisas tão naturais antes consideradas intransponíveis.




No fundo, uma luz ainda preserva a essência, imutável, a evolução, a bondade, humildade.


Advindas da progenitora esperança, seja ela tão fraca quanto invisível.




Cada segundo de uma dolorosa sobrevivência.


quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Exemplos



       Eu também me sinto fraca muitas vezes...

Porém, é o tamanho dos problemas que nos fazem nos sentirmos tão incapazes, menores.

Não temos noção de qual nível estamos lidando.

Pessoas quaisquer geralmente não conseguiriam suportar tanto peso.

Nós estamos nos comparando com gigantes, os enormes problemas que nos são apresentados.

Mas somos muito fortes perante a vida que muitos levam.
É muito sofrimento mesmo...

Mas ao mesmo tempo, nunca fui tão feliz comigo mesma, tudo é um misto. Por ser o que sou... É 8 e 80.

Somos isso porque somos mesmo, não é uma escolha.

E tanto é prazeroso e satisfatório como sofrido.

Mas estamos numa era de transição, e pessoas como nós são exemplos. Nós somos a vanguarda dessa revolução sexual e social.

Estamos caminhando para a evolução do ser humano, e um dia seremos consagradas e valorizadas pelo valor e força que tivemos quando lá na frente, todos viverão em paz, e não haverá mais distinção de sexualidade entre as pessoas, heterosexual, homosexual, transexual, travesti, lésbica. 
      As pessoas vão ser o que são,
      e acabou. 

        sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

        Demais


        Como é difícil...

        Uma dor me dilecera por dentro, afastando todos os meus órgãos, desgrudando todos os ligamentos.

        Uma dor alucinante toma conta de meu abdomen, e outra enlouquecedora de meu cérebro.

        Como é difícil ser alma, como é difícil ser o que sou,

        como é difícil ser desse mundo, como é difícil ser fora dos padrões,

        como é difícil ser eu...

        Num piscar de olhos o mundo tão colorido, alegre, feliz, empolgante, vira um pesadelo. Decepção, rejeição, profunda angústia e perda tomam conta de cada filamento enraizamento do meu corpo.

        Um medo colossal me toma conta. Como se estivesse em queda livre o chão desaparece e caio no buraco mais fundo, sombrio, mórbido, úmido, asfixiante, impenetrante, árido, áspero, triste e confuso da minha vida.

        O mundo fica cinza, momentos que seriam perfeitos aos olhos de qualquer ser em um estado normal, se tornam sujos, cheios de pó, embaçados... Tão distantes de mim, me sinto sobrevoar... Não absorvo nada... Me sinto tão triste quanto uma pedra...

        Funções se agridem, nada trabalha mais como no conforme.

        Tudo fica doído, confuso, emaranhado. Tropeço, tropeço, tropeço, e me machuco demais.

        Respirar se torna uma tarefa ardorosa e asfixiante, pois a sensação de realidade e conformes parece ter se descolado, me sinto num matrix, num mundo que não pertenço. Me sinto planando numa realidade que não parece real, não parece ser minha... Tão sofrida.....

        É asfixiante o ar que entra que no fim, mesmo respirando, sempre parece que me falta.

        Falta alguma coisa,

        falta o som da música,

        falta algo, o que está me matando,

        falta o vital,

        falta algo que parece tudo,

        falta a felicidade...

        Falta a autoestima, falta a sensação de normalidade, falta a sensação de pertencimento, falta a alegria, falta o amor, falta a vontade de viver...

        Mas falta a vontade de morrer...

        Um buraco me preenxe, e me sinto caindo, eternamente, perdida num tornado fundo, fundo, fundo, infinito.

        Vazio...

        quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

        Murcha



        Por que amar tanto?


        Por que tantas diferenças?


        Por que essa diferença infalível entre os dois sexos?


        Por que necessidades diferentes, de dois seres que tão diferentes, e como tanto dizem possuem desejos opostos e se completam?


        Por que esse apego aos sentimentos, à troca de carinho, tão vital e enraizado, como o sangue que escorre por nossas veias?


        Por que não encontro semelhantes? Por que o desapego? Por que tantos elogios, se a admiração não se mistura ao real? Por que tantas qualidades, e não servir para nada?


        Por que palavras e não ações?


        Por que sempre dura pouco o que já é pouco? Por que sempre as mesmas pessoas, os mesmos jeitos?


        Estou eu numa missão?


        Sou escolhida para humanizar pessoas tão vazias?


        Ou é a mera diferença infalível entre os opostos?


        Não... Eu já provei em minha pele, que a biologia não pode determinar nem explicar quaisquer tipos de comportamentos...


        A evolução, espiritual, biológica, emocional e humana que passamos... É esta que se peca, é esta que falta... É esta que realmente nos difere.


        Estou em missão... Mas flores não vivem muito tempo sem água.


        E já estou a murchar...


        quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

        Inverno.



        Falso, mundo encoberto de fachadas, aparências, vontades, posse, status, facilidade.

        Egoísmo, mesquinhez, insensibilidade, futilidades...

        Descrédito, desamor, casa de palha, rua sem saída.

        Qualquer vento derruba...

        Tudo fraco, frágil,

        Tudo fracasso,

        Tudo perdido,

        O fundo falso.

        Por vezes inocência, por vezes perdão. Por vezes perdidos, por vezes coitados,

        Por vezes vítimas, por vezes,
        muitas vezes ainda por vir...

        Dirigem as segas, olhos vendados, cegos no tiroteio. Sinto pena, sinto nojo, sinto traição, sinto vazio.

        Sinto o que nada sentem.

        Sinto a mentira,

        Pressinto,

        Vejo.

         O falso.