domingo, 25 de janeiro de 2015

Bolhas de sabão.


Desenho por Ysis Cobra. 

(De forma completamente mágica, ela fez esse desenho na mesma época que eu escrevi esse texto, ambas sem saber absolutamente nada da idéia uma da outra, e sem nem sequer termos nos conhecido ainda! Conheci ela ontem (dia 18 de Agosto de 2016), quando minha prima Thaissa Fabrício veio aqui em casa, e me apresentou sua amiga, que me mostrou seus desenhos e o Projeto incrível que as duas tem de fazer um Mangá. Perguntei o significado do desenho, e depois me deparei com este texto e me surpreendi. Adorei conhecê-la, uma pessoa maravilhosa. O Projeto de vocês é simplesmente um SUCESSO NA CERTA!!! Thaissa com seus fabulosos enredos, e Ysis Cobra também nos enredos e com seus desenhos transcedentais.)

Estou aqui perdida no vazio, tentando encontrar a saída desta grande interrogação que se formou em minha mente, e enorme buraco que se formou em meu coração...

Como pode algo que jurava compreender, fugir de minhas mãos, escorregar por entre meus dedos como uma bolha de sabão, enfraquecer meu solo, e tornar risadas em areia, felicidade em cimento, me afogando em pensamentos, e alagando com sentimentos tudo ao meu redor.

Estremecem minhas pernas, e me sinto tão fraca, que me deito ao chão e começo a chorar, tamanho vazio corrói meu interior...

O castelo de repente começa a ruir, a rachar, as fendas que meus olhos outrora não enxergaram, mas talvez sempre estiveram ali. Enraizando-se apoderando-se de todo o espaço a minha volta, fazendo doer cada falange, cada extremidade. Minhas veias se tornam repletas de uma escuridão que percorre todo meu corpo, e vai tomando cada aresta, cada espaço dos meus membros, ossos e órgãos, de meu espírito, de minha alma, de minha vida, de meus sonhos contaminando meus olhos brilhantes e coloridos como uma galáxia, e os tornando secos, opacos, vazios, perdidos e escuros como terra. Explodem tamanha pressão de dentro para fora, numa implosão de mim mesma. Este líquido viscoso, amargo, escuro, denso, negro, sujo, começa a transbordar e transformar em cinzas tudo aquilo que está a minha volta, e faz desprender a pele de minhas verdades, o tecido de minha história, a segurança do meu peito...

Começa a preencher todas as fendas das paredes, arruinando tudo que está em seu caminho, entranhando por entre os móveis, objetos, enfeites, quadros, arranjos, espelhos, pentes, perfumes e penetrando no meu corpo, transformando tudo numa cor só, amarga, queimada, monótona. Explodem meus tímpanos, tornam o doce em salgado, o delicioso aroma de tudo que flutuava a minha volta, delicioso vapor de noites esquecidas, das lembranças presentes, misturam-se na fumaça das baforadas em chamas, fazendo cada perfume desbotar o seu aroma e cada lembrança desvanecer, tornando-as contaminadas, envelhecidas. Embebem-se de uma palidez amarelada, perdem a cor, perdem o sentido. Separa-se o passado do presente. Tudo é o que foi, e o que é? E o que será? O presente se torna algo sem definição, e tudo que está aqui parece perdido, anacrônico.

 Tudo começa a derreter, e a vibrar num vermelho compacto, tão intenso como o amor que jaz em meu coração, que teceu minhas paredes, sustentou os meus pés, separou minha cabeça e levitou a minha alma... Uma figura aparece por trás deste fogo, sem forma, sem definição, apenas a assustadora silhueta de alguém que ao mesmo tempo reconhecia, me era tão familiar, e ao mesmo tempo tão estranho...

O fogo destrói tudo ao meu redor, transformando em cinzas tudo que um dia teve forma, cheiro, cor, sentido e vida... Queima vivo, aquele mesmo fogo que causava o frio na barriga, que tornou o impossível em possível, e que ascendeu a faísca do amor. Transforma em pó aquela mesma fagulha que iniciou uma história, que ao crepitar de alegria, um dia sondou meu coração, e ergueu este castelo. Aquele que também precisou apenas de uma pequena fagulha, para desmoronar tudo novamente...

Pesadelo acordada.