quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Filetes.



Por que a felicidade vem em prestações? Por que meras esmolas, filetes, que como uma gota d'água esparramada dura tão pouco antes de rapidamente evaporar. Esse desencontro repentino, arranca da carne mais gotas, que virão por evaporar também, porém muito mais lenta, por vir em cachoeiras. Por vir em tanta quantidade e tão rapidamente.

Por que após uma alma plena, que como se tivesse saído ao sol ínfimas vezes em anos e finalmente tivesse se banhado ao calor da luz do dia, tão repentinamente passa a ser recobrir novamente de longas e infindáveis tempestades que às recobrem na solidão e negritude novamente?

Por que estamos sempre no limiar, por que essa masturbação covarde com nossa alma?

Nossos sentimentos são varridos em vendavais de areia que cortam a pele retirando tudo que havia se construído por cima das antigas feridas, colocando em evidência novamente, exposta, as mais profundas camadas do passado. A idade se mostra evidente.

O vento vem junto, varrendo tudo que entrou em ordem, esfriando a pele sem piedade. Derrubando tudo que havia sido rearranjado criteriozamente em seu devido lugar.

A confusão, o redemoinho, o tornado, tão familiar. Volto à minha origem,

me sinto em casa...


domingo, 7 de agosto de 2011

Coragem.



Os dois eixos se encontram. A felicidade e nossa busca selam-se em um contrato mágico. Este encontro foi tão repentino, tão forte, tão ardente. Dois eixos que pareciam indissociáveis, mas estavam perdidos como olhos cegos, em que ambos não se encontram. A dor da dúvida, da história tão grande que se está por vir pela frente. Ameaçadora, uma tsunami, por enquanto ainda se mostra retraída, como que preparando o bote. Quando estas águas vierem, não sei quem vai ter coragem de estar ali para ver, pois pelo menos eu, mesmo que sozinha, estarei ali de frente, jogada de cabeça, de cara.


O perigo é tão grande, surgem sentimentos tão assustadores, que nunca fui capaz de acreditar que pudessem existir. Encrustados em nossa alma.


Coexistem com este plano da Terra, monstros, medos, fluídos negros, em mundos paralelos, desconhecidos, assustadores. Sua força é brutal e tão negativa, te puxam para o abismo em ponto cego, mas que estava apenas a palmos de distância. Por nunca tê-lo visto, nunca precisei me equilibrar, mas ele estava ali, tão perto, raspando, ali quase como que encarando lhe seduzindo para um tropeço, para uma queda infinita.


Mas a luz sempre se mostra mais forte, está presente nas coisas, e mesmo que contaminada por doenças, que as recobrem como algas sufocando plantas em um lago antigo e imóvel, a energia se conserva debaixo da pele, carregando vida, vitalidade, cores vermelhas, tão vivas e que tão naturalmente quanto a certeza do infalível destino, lutam para viver em seus instintos de sobrevivência. Essa luz que se move, traz calor, e movimenta todos os fenômenos e espíritos dos mundos, como princípio único, formadora da evolução. Pra frente seguimos, mesmo que por debaixo de tempestades, ainda assim incontrolável.


Vem a vida, sinto em minha pele, mesmo que tão delicada, tão medrosa e sensível, me rasga, me faz brotar cachoeiras de águas puras em meu vitral da visão. Me faça o seu prisma. Comece a penetrar, atravessar cruelmente sem dó, a alma de minha felicidade, covardemente. Sinto o prazer da dor.


A vida vem tão linda e atraente, disfarçada por belas máscaras em faces de diabo, e me faz arder em chamas. Ó vida tão bela, e para isso, tão sofrida, sentida, e por tal, VIVA.


Também vai uma outra linda que me inspirei aqui, que não é minha composição:

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Esperança.



Esperança... Essa grande amiga que tanto me afaga, que tanto me conforta, me recebe como graciosas mãos divinas, e nela embarco em um sono profundo, com sensação de eterno.

A luz dela é tão forte que impede que até a escuridão total se dissipe sobre ela.

Esta corre os mais diversos cantos que ainda a resta, impede que o mau entre como fiapos, afiado, penetrando em sua alva e tão delicada membrana. Tão inocente, delicada membrana. Tão pura, autosuficiente, tão cheia de vida, ao mesmo tempo, tão sozinha.

Porém sempre forte, tão intensa como é radiante. Uma super nova, que me persegue em todos os momentos em todos os instantes. 

Ela agora me recobre como um manto de uma mãe divinizada, que irá começar o ninar de um filho para a eternidade, com o mesmo carinho, sutileza, dos cuidados do amor materno.

Ai minha dor divina, minha constante luz, me penetra e entre com todo o seu calor por debaixo de meu substrato, me preenxa por inteira e me leve consigo, pois estou aqui, nua e crua.

Minha eterna e grata servidão.