quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Filetes.



Por que a felicidade vem em prestações? Por que meras esmolas, filetes, que como uma gota d'água esparramada dura tão pouco antes de rapidamente evaporar. Esse desencontro repentino, arranca da carne mais gotas, que virão por evaporar também, porém muito mais lenta, por vir em cachoeiras. Por vir em tanta quantidade e tão rapidamente.

Por que após uma alma plena, que como se tivesse saído ao sol ínfimas vezes em anos e finalmente tivesse se banhado ao calor da luz do dia, tão repentinamente passa a ser recobrir novamente de longas e infindáveis tempestades que às recobrem na solidão e negritude novamente?

Por que estamos sempre no limiar, por que essa masturbação covarde com nossa alma?

Nossos sentimentos são varridos em vendavais de areia que cortam a pele retirando tudo que havia se construído por cima das antigas feridas, colocando em evidência novamente, exposta, as mais profundas camadas do passado. A idade se mostra evidente.

O vento vem junto, varrendo tudo que entrou em ordem, esfriando a pele sem piedade. Derrubando tudo que havia sido rearranjado criteriozamente em seu devido lugar.

A confusão, o redemoinho, o tornado, tão familiar. Volto à minha origem,

me sinto em casa...


Um comentário:

  1. Quando eu li, só me veio a cabeça essa poesia Sufi (http://www.sertaodoperi.com.br/poesiasufi/poesia/indice.htm)

    "Deus te joga de um sentimento ao outro
    e te ensina por meio dos opostos,
    de modo que terás duas asas para voar,
    não uma."

    (Rumi - Masnavi II: 1552; 1554)

    Beijos
    Marcos

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