quarta-feira, 28 de março de 2012

(In)sanidade



O desgaste é tanto e a falta de preenximento a torna às margens.


Já vazia, seca, se torna mais áspera a superfície que arrasta, cada mais mais machucada, arranhada, fina.


Película frágil, que a leva a beira, entre a sensação de não existir e a sensação de ainda ser útil para algo, existir em sua forma, com as mesmas utilidades que se construíra a ser.


Prestes a quebrar, prestes a ser mais um nos montantes.


Prestes a ser catada.


Sente-se o gosto da insanidade.


Prestes a ser necessária para alguém, que com simples olhos, enxerguem a divindade destes pedaços, e façam deles algo extraordinário,


exuberante,
enebriante,
brilhante,
monumental,
importante,
vital, 


algo que nunca conseguiu ser visto por alguém.


Algo que sempre foi, mas estava apagada pelo tempo.


Pelo desgaste fora coberta de sujeiras despejadas,
apagada,
esquecida,
inexistente.

Uma espessa camada de poeira envolta neste livro fechado, gélido, porém assim conservado.


Porém, quem sabe um dia descoberta como um tesouro,


ou destruída no galgar das ondas da eternidade.




O tempo escorre lentamente......., levando consigo tudo relativo a ele,


escorrendo os dias como uma grande massa densa, compacta, concentrada,


ácida, tóxica, radioativa.




Capaz de mudar coisas tão naturais antes consideradas intransponíveis.




No fundo, uma luz ainda preserva a essência, imutável, a evolução, a bondade, humildade.


Advindas da progenitora esperança, seja ela tão fraca quanto invisível.




Cada segundo de uma dolorosa sobrevivência.