quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pesadelo.



O que é esta vida se não um eterno sonho? O que é esta vida se não ilusão, filtros, membranas, das quais intermediam coisas vivas, pequenas, microscópicas, que do nada, de algum lugar, de onde não se sabe nem de onde vem, dão um sentido as coisas, que não se sabem por que existem.

Essa eterna conexão, que sim, essa sim, se faz real. Aaa... a conexão, eterna conexão com o mundo, que me faz sentir pendurada por cada fio de cabelo, como se todos pudessem aguentar toneladas sem arrebentar. Tamanho peso sobre nossas cabeças, tamanha rede com o mundo, tamanha sensibilidade.

Por que acreditamos em algo que não passa de visão, de imagem, de criação? Por que a vida é tão real, convincente, e ao mesmo tempo, tão traiçoeira? Para que esse jogo, essa prova com nossos sentidos, até o nossos limites, se acreditamos ou não no que nos é mostrado e oferecido? Alentos, encantadoras e sedutoras mãos da vida, que nos convidam aos mais escuros becos, onde destes, distinguimos todas as formas, mas perdemos em sua essencia.

Dor... fagulha, penetrante, ponta afiada, rasga a pele, e a coloca do avesso, sinto toda a carne crua ardente ao léu. Sinto toda a porção de vida e sensibilidade, realidade, penetrar por entre seus espaços vivos, quentes, puros, macios, fracos, agonizantes. O vento vem com a chuva, para terminar a desgraça, arranca da pele mais sangue, que já do avesso, começa a trincar, sentir os efeitos diretos do tempo, começa a ressecar, formar deformações, tecidos de cicratrização por cima, umidece a dissolve a vida, nos tecidos despedaçados, se não deveras e em breve mortos, sem função ou sensibilidade alguma. O frio termina de selar o que ainda havia de próprio no sujeito, antes chamado de ser. O calor e qualquer fonte original, se perdem no infinito da eternidade. Chega a morte, e depois, o nada.

Vamos explorar, vamos ver o que tem dentro. Vamos arrancar as árvores, abrir caminhos, que tanto vão custar para nossa vida, que tanto irão nos fazer sangrar, que tanto nos farão sentir viva, mas ao mesmo tempo, morta. O que é a vida se não o nada? O nada é a oposição do que é real, e na vida tudo pode ser, assim como o nada, e o não ser, pode também ser, e no fim, só sobram retalhos, encaixes, partes que os contróem, que os preenxem. Mas desses partes que meramente se encaixam, ou brigam fortuitamente violentamente por uma formação mal feita, e acabam saindo mais retalhadas ou deformadas que pudera antes.

O que é a vida, se não o vazio...

O que é a vida, se não um pesadelo...

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